Duda conta que jogar na Finlândia é uma boa opção para brasileiros

Para muitos, o Brasil é o principal criador de jogadores de futebol. Não só por ser o país que mais ama o esporte, mas também por conta da sua população que passa das 200 milhões de pessoas.

Com uma vasta lista de atletas revelados, nos acostumamos a ver brasileiros atuando no exterior, em ligas grandes, como na Espanha, Itália, Alemanha e Inglaterra. Vemos também muitos em competições tradicionais, mas menos ‘milionárias’, como Portugal, Turquia e Rússia.

Porém, outros centros têm se tornado reduto de jogadores do Brasil. No caso da Finlândia, um clube da segunda divisão local conta com cinco brasileiros em seu elenco para um projeto ambicioso de chegar à elite: o AC Kajaani.

Contratado em abril após defender o Maringá no Campeonato Paranaense, o lateral-direito Duda gostou do projeto oferecido pelos finlandeses. Para ele, além do salário em dia, o calendário local é algo que atraiu bastante ele e os outros tupiniquins.

– Essa é uma nova oportunidade no futebol. É muito imprevisível jogar no Brasil se você não atua nas Séries A ou B. O índice de jogadores desempregados após os estaduais é muito grande. No Maringá, por exemplo, nós jogamos a Série D, que é um torneio que te garante apenas seis jogos. Em junho você já pode estar sem emprego. Aqui a Ykkönen (nome oficial da segunda divisão) tem 27 jogos de abril a outubro, todos são televisionados e monitorados por sites e aplicativos de estatísticas do mundo todo. Os pagamentos aqui são feitos a cada 15 dias, contou o camisa 23, autor de quatro assistências na temporada.

Mesmo na segunda divisão, o AC Kajaani oferece uma boa estrutura aos atletas. Além do estádio com capacidade para 1.200 torcedores, o time ainda conta com um campo com grama natural e outro com gramado sintético e cobertura para neve, algo comum na Finlândia, que costuma ter temperaturas negativas no inverno.

Outro brasileiro que chegou com Duda foi Fabrício Lusa, que jogou o Campeonato Gaúcho pelo Veranópolis. Porém, ainda no início da Ykkönen, o volante sofreu uma ruptura do ligamento cruzado do joelho e precisou passar por cirurgia. Após a operação, realizada na Finlândia, o atleta retornou o Brasil para iniciar o tratamento, tudo pago pelo Kajaani.

Fora das quatro linhas, a Finlândia se mostra um país diferente também em sua natureza. O dia só acaba às 23h, com o sol voltando a nascer já às 2h. No inverno são apenas 4 horas de luz solar. A cidade de Kajaani está a pouco mais de 400 quilômetros da Laponia, cidade do Papai Noel. A vida no país também é cara em relação a outras nações da Europa. Mercado, restaurante e outros lazeres tem um preço maior.

– Cheguei no fim da primavera, então não peguei noites longas assim. A educação aqui é excepcional com a maioria da população falando inglês. Assalto praticamente não existe. Quem vir jogar aqui tem que ter ciência de que é um país caro para viver.

Além dos 5 brasileiros, o clube tem outros cinco estrangeiros, mas as lesões no começo da temporada atrapalharam a campanha da equipe que não tem mais chances de acesso ou classificação para os playoffs.

– O nosso começo foi abaixo porque o time teve muitos problemas de ordem médica. Quando conseguimos nos recuperar já era tarde demais porque o FC Haka e  o TPS Hurku (líder e vice-líder respectivamente) se distanciaram do demais logo de cara. Chegamos a vencer três jogos seguidos. Se estivéssemos completos desde o começo com certeza brigaríamos pelo acesso.

A Ykkönen, segunda divisão finlandesa, é disputada por 10 clubes em três turnos, totalizando assim 27 rodadas. O campeão garante acesso automático à elite, enquanto o segundo colocado enfrenta o penúltimo colocado da primeira divisão. O AC Kajaani soma atualmente 17 pontos e não tem mais chances de classificação, mesmo faltando 10 rodadas para o fim da competição.

– Mesmo assim não entregamos os pontos. Queremos deixar o clube o mais alto possível porque assim aumenta a visibilidade para o time. Na temporada passada o Kajaani ficou em oitavo, então queremos dar esse salto e mostrar também que podemos brigar pelo acesso na próxima temporada.

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